Crítica | Poltergeist (2015)
Numa escala de 0 a 10, dou 6,7. Os filmes de terror dignos de alguma consideração são como Poltergeist: assentam toda a motivação do medo em algo sobrenatural, ou seja, não imediatamente controlável por algum instrumento físico ou humano. Sob essa óptica, Poltergeist é muito melhor do que asnices que pretendem incutir temor apelando à psicose de um sociopata que poderia facilmente ser abatido por um tiro na testa, como Pânico, Halloween, Sexta-feira 13 e outros que só assustam crianças (embora, por alguma razão realmente inexplicável ou explicável mas inaceitável, os psicóticos de filmes assim em geral tenham uma força sobre-humana e não morram com simples tirinhos na testa...). Apesar de considerá-lo um bom filme, que se inclui nesse tipo sobrenatural, não posso considerar Poltergeist como um dos melhores representantes do gênero: o roteiro é apelativo demais, beirando a caricatura (é óbvio que faço uma crítica em 2014, quando o conceito de um bom filme de terror considera a sutileza, não o exagero, como um mérito, e as técnicas de efeitos especiais não dão a impressão de estarmos diante de um teatro de bonecos). O mote do roteiro é bom, a ironia com o uso da televisão é a sua melhor sacada, a personagem da garotinha, Carol Anne, é um doce, mas alguns defeitos, como o exagero já mencionado e um certo tom de doutrinação em determinados momentos, diminuem a sua grandeza, deixando-o, para um observador da segunda década do século vinte e um, ordinário, até mesmo um pouco engraçado - e, convenhamos, quando um filme de terror parece um pouco engraçado, é porque ou ele é velho demais ou algo saiu fora do script.
- Elizeu P